Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas
(Carlos Drummond de Andrade)
Há quem diga que Arte são "vozes do silêncio", sendo assim, busco aqui rascunhar os silêncios que encontro e me tocam. Afinal, como já disse Ferreira Gullar: a arte existe porque a vida não basta.
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segunda-feira, 31 de julho de 2017
domingo, 23 de julho de 2017
Saudades
Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?…
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?… Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca, do livro “Sóror saudades”.
Saudades! Sim.. talvez.. e por que não?…
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?… Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca, do livro “Sóror saudades”.
terça-feira, 18 de julho de 2017
Subversiva
A poesia
Quando chega
Não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha
Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.
(Ferreira Gullar)
segunda-feira, 17 de julho de 2017
"A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogio"
Manoel de Barros
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogio"
Manoel de Barros
domingo, 9 de julho de 2017
terça-feira, 4 de julho de 2017
Metas de Leitura - Julho/2017
Buenas,
Minhas metas de leitura para julho estão tão audaciosas que decidi postar para "dar uma pressãozinha no cumprimento", não vou mentir: duvido que consiga cumprir, mas isso não quer dizer que não tentarei com afinco!
Chega de “mimimi” e vamos a lista dos livros:
Titulo: A Fúria dos Reis
Autor: George R. R.Martin
Editora: Leya
Páginas: 656
Este livro estou lendo com alguns amigos (malucos) que decidiram ler toda a saga até o final do ano – em junho lemos o primeiro: A Guerra dos Tronos – estou adorando a leitura, mesmo neste ritmo alucinado, hehe.
Titulo: O Feitiço da Sombra
Autor: Nora Roberts
Editora: Arqueiro
Páginas: 288
Embora não seja meu estilo de leitura, eu sempre me rendo para as histórias que envolvem magia, acho a autora muito óbvia e as histórias sempre possuem o mesmo “esqueleto”, não me desafiam, mas me fazem suspirar... então vale!
Titulo: Medo Clássico
Autor: Edgar Allan Poe
Editora: Darkside
Páginas: 384
Esta leitura será para a discussão do Clube de Leitura da Casa de Cultura Mário Quintana do qual participo. Este mês iremos ler os contos do Poe, já li O gato Preto e simplesmente adorei, estou louca para ler o resto!
Titulo: Vida e Destino
Autor: Vassili Groissman
Editora: Alfaguara
Páginas: 920
Esta será uma leitura coletiva com o pessoal dos blogs Lido Lendo e Livrada, sem contar que é uma leitura obrigatória do Desafio Livrada 2017.
Titulo: Vinte Mil Léguas Submarinas
Autor: Julio Verne
Editora: Zahar
Páginas: 504
Acho que um dos poucos clássicos da literatura que não tinha “aquela” vontade de ler, embora só ouça elogios da obra. Vou ler para a discussão do Clube do Livro Online.
Titulo: Olhos Dágua
Autor: Conceição Evaristo
Editora: Pallas
Páginas: 116
A biblioteca pública municipal de Porto Alegre promove o grupo de leitura “Leia Mulheres”, onde todo mês lemos e debatemos livros de autoria feminina, um lindo e delicioso projeto.
Me desejem sorte, pois vou precisar!!!!
segunda-feira, 3 de julho de 2017
Apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais do que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
Eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais do que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
Eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
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