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quinta-feira, 30 de março de 2017

Cansou. Pegou as chaves e os desejos de recomeço. Pegou coragem e o caminho ao lado. 

Bateu a porta, rasgou os mapas, desfez os planos, refez as malas, destraçou roteiros.
Foi tarde. Deu tempo de se perder nos quases e revisitar lamentos. De doer as incertezas e deixar a lembrança adornar os pensamentos. Mas foi. Perdeu as listas, não leu os rótulos, evitou ponteiros. Era o vento o seu termômetro.
E numa noite que parecia eterna, fechou os olhos, chamou o sono. Dormiu nublada. Acordou sol. Assim, sem mais.
Abriu as cortinas. Uma luz lhe ardeu os olhos. Entendeu o recado. O alívio sorrindo por fora, o medo pulsando por dentro. O sentimento atravessado no peito, as interrogações pedindo espaço pra sua paz. Ignoradas. Seguiu a canção e preferiu apostar pra ver se tinha a sorte de ganhar.
Saiu. Pra ser aprendiz, pra ser maior. Pra procurar abrigo em si mesma, pra encontrar um abraço no que ainda não viu.
Vestiu- se de nuvem, de reticências, de amanhã.
Cabelo solto, saia pra rodar, um sorriso sem motivo e pés dispostos a descobrir esquinas. 
Estava feito.
E de riscos, de luas, velhos sonhos e novas danças bordou os passos que viriam.
Estava inteira, entregue, intensa. Estava descalça. 
E isso não era um problema.



Yohana Senfer


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