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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

domingo, 10 de setembro de 2017

     Depois de passar a noite rasgando tudo aquilo que me cobria, quero tecer a teia da minha vida novamente, porém, desta vez, irei tecê-la usando mais leveza, mas suavidade, não quero um manto que me proteja da vida, ao contrario, quero um manto que me permita ver e sentir a vida! 

     Descobri que não é me protegendo da vida que me protegerei do sofrimento, ao contrario quem se esconde sofre muito mais! Então opto pelo vento no rosto, pelo cheiro de terra molhada, pelo joelho ralado dos tombos, pelas lagrimas das tentativas infrutíferas, mas também pelo brilho no olho da esperança de dar certo, pelo coração aquecido por um desejo a ser buscado ...

Talvez não seja o caminho mais fácil, mas creio que é o caminho mais seguro, porque não importa o atalho que eu escolha sempre voltarei para estrada principal que me leva para mim mesma, então de que me adiantará fugir? Melhor aceitar e enfrentar a estrada, sem perder a leveza, sem deixar de ver a beleza ... afinal são sempre os espinhos que protegem a rosa.

     Não quero estar certa, quero estar em paz, decidi que levarei comigo apenas o que sinto, o que desejo, a minha essência, a opinião, os anseios, os medos, os rótulos das outras pessoas são demasiados pesados e desnecessários, logo não quero e nem irei carregar, se eu errar que seja por mim mesma e se houverem consequências, que certamente terão que sejam minhas!

 Não tenho medo de julgamentos, de ser incompreendida e, no fundo, nem da solidão tenho mesmo é medo de mim mesma, de me olhar nos olhos e não me ver ... descobri que os meus julgamentos são muito mais cruéis do que os das outras pessoas, descobri que meus medos e minhas culpas pesam muito mais do que o que possam me dizer ou me rotular ... esses sim tocam fundo minha alma e a dilaceram ... por isso, a partir de hoje, vou fazer o caminho de volta para casa, de volta para mim mesma e me reconciliar com todos os meus aspectos ... com os meus desejos, com meus sonhos !

terça-feira, 5 de setembro de 2017

   Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

   Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

   Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.


Sarah Westphal

domingo, 3 de setembro de 2017

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é...

Fernando Pessoa

sábado, 2 de setembro de 2017

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.


(Cecília Meireles)