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sábado, 23 de junho de 2018

CAROLINA NA HORA DA ESTRELA

No meio da noite
Carolina corta a hora da estrela.
Nos laços de sua família um nó
– a fome.
José Carlos masca chicletes.
No aniversário, Vera Eunice desiste
do par de sapatos,
quer um par de óculos escuros.
João José na via-crúcis do corpo,
um sopro de vida no instante-quase
a extinguir seus jovens dias.
E lá se vai Carolina
com os olhos fundos,
macabeando todas as dores do mundo...
Na hora da estrela, Clarice nem sabe
que uma mulher cata letras e escreve
“De dia tenho sono e de noite poesia”.

Conceição Evaristo


#ConceiçãoEvaristonaABL

sexta-feira, 22 de junho de 2018


Estava aqui “vagando” pelo Facebook e vendo uma quantidade enorme de postagens falando de decepções, de que as pessoas não eram o que pareciam, que perdemos amigos que não eram amigos, traições, etc ... fico pensando: por que gostamos tanto do “papel de vítimas”? Por que insistimos em ver sempre o “copo meio vazio”? Por que jogamos para o outro a responsabilidade de suprir nossas carências, necessidades, enfim de nos fazer feliz? Por que acreditamos que está tudo “lá fora”?
O que vejo é uma falta de amor, não falo aqui de amor romântico, mas de amor em sua forma mais pura, de amor sem egos, sem projeções, sem padrões, sem porquês ... amor por amor! Amor que liberta! Um amor que precisa ser achado dentro de nós mesmos e por nós mesmos, para que ele nos tome por completo e se expanda por tudo e todos!
Acredito que está na hora de nos livrarmos desta visão fatalista da vida e começar a entender que a vida é feita de ciclos, de movimento! Só porque uma pessoa não está mais convivendo conosco no dia a dia não quer dizer que esta não seja mais nossa amiga; finais de relacionamentos trazem sempre a frase: “não deu certo”, como assim não deu certo? Claro que deu certo: deu certo por um tempo! Finais, afastamentos querem dizer que a roda da vida girou que novos laços se farão, alguns se soltarão e a vida segue seu bailado nos proporcionando novos encontros ou reencontros!
O mais importante disso tudo é a gente aprender a dançar com a vida, é parar de se sentir vítima de “amigos que não eram amigos”, de “amores que não eram o que pensávamos”, de projetar nos outros o que queremos, deixarmos de querer/exigir do próximo sentimentos, ações e, principalmente, de olhar o outro como gostaríamos que estes fossem e de carregar o fardo de ser o que os outros querem que sejamos, ou seja, eliminar as expectativas, as carências, o ego de querer ser perfeito, assim seremos mais livres, menos vítimas e, por conseqüência, mais felizes!

domingo, 3 de junho de 2018

"Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais."

Ana Jácomo

domingo, 6 de maio de 2018

A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.





(Manoel de Barros)

terça-feira, 1 de maio de 2018

Em homenagem ao dia de hoje...

Obra: Operários
Autor: Tarsila do Amaral
Onde ver: Acervo do Governo do Estado de São Paulo
Ano: 1933
Técnica: Óleo sobre tela
Movimento: Modernismo

domingo, 22 de abril de 2018

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
— Meu tempo é quando.

(Vinícius de Moraes)

sábado, 21 de abril de 2018

"Quem olha com tristeza é porque é triste. O que está dentro é o que está fora. Meus tons são frios porque minha paleta vem da alma. Pinto o que sinto. Acho que não nasci para alegrar ninguém, sempre me senti um ciclista da vida que anda contra o vento. Se as pessoas percebem tristeza ou alegria é porque esses sentimentos vêm delas. A arte é essa busca no sentido." 

Iberê Camargo
Obra: Dentro do mato, Iberê Camargo